9 . BIOGRAFIA

1960 . Nasc. em Vila Cova de Alva . Concelho de Arganil

Rio Alva e Vista Parcial de Vila Cova de Alva

Casa onde nasceu e onde os pais tinham um pequeno comércio.


1971 . Após concluir a Escola Primária em Vila Cova, vai para Arganil onde frequenta o Ciclo Preparatório e o Curso Geral dos Liceus.


A família Viseu com quem vive em Arganil de 1971 a 1975.


Em Arganil tem como professor de Desenho e Trabalhos Manuais o artista António Ventura (Prof.Ventura) cujo atelier frequentou assíduamente. Primeira grande referência artística e de quem ouve os primeiros incentivos para seguir a actividade artística.

1976 . Parte para Seia onde frequenta o 1º ano do Curso Complementar dos Liceus.

No mesmo ano lectivo muda-se para Coimbra onde continua os estudos no Liceu D. Maria.
1977/8 . 1978/9 . Frequenta o Curso Complementar de Artes Plásticas da A.R.C.A.


Monsenhor Nunes Pereira de quem foi aluno de Gravura na A.R.C.A. e cujo atelier frequentou.
Ler texto Anexo 1 (ao fundo)


1979 . Inicia, em Coimbra, a actividade profissional como ilustrador e desenhador gráfico nas Oficinas Gráficas da Gesteco.

1980 . Expõe pela primeira vez na Exposição Colectiva do MAC - Movimento Artístico de Coimbra.

No mesmo ano muda-se para Lisboa onde continua a actividade de Ilustrador e Desenhador Gráfico em várias editoras e agências de publicidade desenvolvendo imagens gráficas para inumeras empresas nacionais e multinacionais.

1997 . Percorre a pé o Caminho Francês de Santiago onde criou uma forte relação de amizade com Jaime Sprícigo (Brasil) e com Santiago Navarro (Galiza) com quem caminha vários dias.

Após o regresso pinta um retrato a óleo de Santiago Navarro. É o regresso à actividade artística.

1998 . Abandona definitivamente a actividade Gráfica e Publicitária e dedica-se a tempo inteiro às Artes Plásticas. Volta a expôr em 2001 no Centro Galego de Lisboa com a exposição temática: Caminho de Santiago.

Ver: EXPOSIÇÕES 2001. 2005 e EXPOSIÇÕES 2006.2008



1 . Frente à Catedral de Burgos . Com Jaime Sprícigo e Santiago Navarro (1997)

2. Santiago Navarro junto ao retrato a óleo.

3 . Com Santiago Navarro e com o filho Vasco (2001)

4 . A cavalo de Sintra a Santiago de Compostela (2000)

5 . Salamanca . Santiago de Compostela (2008)


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Anexo 1

Foi por volta dos meus 8 ou 9 anos que pela primeira vez vi aquela misteriosa personagem, portador de uma paz por mim nunca vista no rosto dos homens. Fascinava-me aquela figura tranquilamente sentada na mesa do canto num qualquer café da Figueira da Foz.
Vestia de preto, que muitos anos antes teria sido muito mais preto, com a sua pequena pasta de um couro marcado por rugas de muitas viagens.
Perscrutava em seu redor e escolhia a sua vitima, eu olhava ao longe adivinhando-lhe o olhar, da sua mala tinham saído as ferramentas do mago, uma folha de papel e uma pena de tinta da china. Quantas vezes tentei acompanhar o movimento rápido das suas mãos enquanto me ia crescendo o desejo de aproximação. Por fim, obra pronta, da mesma forma serena, levantava-se, encaminhava-se para a mesa da sortuda vitima e sem qualquer apresentação, oferecia, simplesmente oferecia, um retrato, belos retratos saídos daquela pena de tinta da china e lá ia ele porta fora, humildemente, sem apresentações ou tempo para agradecimentos ou bajulações. Outras vezes encontrei-o nas esplanadas, canivete numa mão, na outra uma pedra apanhada à beira-mar. Uma simples pedra que com a destreza do Mestre ia ganhando novas formas metamorfoseando-se em obra de arte.
Obra pronta e olhando em volta, lá escolhia outro eleito a quem dava, unicamente dava, a obra terminada.
Um dia aconteceu. Permitiu-me sentar a seu lado e acompanhar com o olhar o rápido manusear daquela pena, enquanto entablava conversa comigo.
Quando em alguma dessas tardes lhe disse que era de Vila Cova, levantando os olhos daquela folha, olhou-me com meiguice e surpresa e perguntou-me: Como está o Padre Januário?


Fui eu que o levei para Vila Cova. Foi de carroça que o levei...
Quantas vezes os imaginei de sotainas à intempérie, em cima da carroça por montes e vales, qual "Nome da Rosa", a caminho de Vila Cova, em consonância com os ensinamentos da sua fé.
Os anos passaram e, coisas do destino, dez anos passados tive a honra de ter sido seu aluno na Escola de Artes da ARCA em Coimbra, e de merecer a atenção especial do Mestre. Permitiu-me frequentar o seu atelier, em sua casa e ocupar o seu tempo ensinando-me as suas técnicas e contando-me as suas histórias, lembrando-me sempre de que foi ele que levou o Padre Januário do Seminário de Coimbra para Vila Cova, que o "coitado" nem sabia onde ficava.
E no meio das goivas e dos formões enquanto esculpia na madeira as lendas de Fajão, sempre ía dizendo: FOI DE CARROÇA QUE O LEVEI...
Mas, que não se pense que a ligação do Monsenhor Nunes Pereira com Vila Cova se fica por acto já por si tão significativo.
Há alguns anos, por caminhos e labirintos de que sou incapaz de imaginar o traçado, veio-me ter às mãos um belo postal representando a porta da Capela do antigo Solar do Conde da Guarda em Vila Cova. Se, por si só, não fosse tal suficiente para o guardar como "reliquía" , duas razões de vulto mais há a acrescentar.
Primeira, trata-se da reprodução em postal de um desenho a tinta da china feito pela pena do Mestre em 1942, a segunda é que como está bem explicito no verso, trata-se de uma edição (imagine-se) da Filarmónica de Vila Cova de Alva.
Monsenhor Nunes Pereira foi pároco em Coja entre os anos de 1935 a 1952.



Texto de H.Gabriel para: www.miradourodevilacova.com


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